Durante os últimos anos, tive que ser trabalhado aos poucos pelo Senhor para rever a teologia que aprendi, e neste Blog estarei expondo as novas perspectivas aprendidas. Não foi fácil para mim romper com paradigmas tão profundamente enraizados, por isso, entendo que outros terão dificuldades também, e até inicialmente descordarão de muitos pontos, o que é natural. Apenas peço que busquem ao Senhor e não se fechem no próprio entendimento. As dúvidas e críticas construtivas poderão ser enviadas para o email: efatah7@gmail.com.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Principado de Roma e o Ano Novo Gregoriano

A seguir as razões pelas quais os seguidores do Messias não devem celebrar o calendário romano.
Muitos servos do Messias não conhecem o Calendário Bíblico, alguns conhecem mas não o utilizam, a maioria seguem o Calendário Gregoriano (definido pelo Papa Gregório XIII em 1582), reconhecendo a autoridade da Igreja Romana sobre o Tempo, inclusive celebrando o ano novo romano. O Calendário Gregoriano foi a última alteração do Calendário romano. 
O primeiro rei de Roma foi o personagem histórico-mítico Rômulo que teria fundado Roma em 21 de março de 753 a.C, o seu calendário era de referencial lunar, cujo ano tinha apenas 304 dias, divididos em dez meses. O ano começava no equinócio da primavera, o primeiro mês era Martius (Março em honra a Marte, deus romano da guerra), e os meses seguintes eram Aprilis (Abril vem do Latim Aprilis, cujo significado é “Abrir”, referindo-se à germinação na agricultura, e outra hipótese sugere que Abril seja derivado de Aprus, o nome etrusco de Vénus, pois este mês era consagrado à ela tida entre os romanos como a deusa do amor, da paixão e da beleza, Vênus, tinha entre os gregos o nome de Afrodite), Maius (Maio em honra a deusa Maia, filha de Pleionéia e de Atlas, foi a mãe de Mercúrio — o Hermes dos gregos, cujo pai era Júpiter) e Junius (Junho em consagração a deusa romana Juno, rainha do Olimpo e esposa do deus Júpiter); daí em diante vinham os numéricos: Quintilis, 5º mês, Sextilis, o 6º, September, o 7º… até December, o 10º mês.
O segundo rei de Roma foi Numa Pompílio (715-672 a.C.), ele em honra a Jano construiu-lhe o templo. Por volta de 700 a.C. fez alteração no calendário de Rômulo, transformando-o em luni-solar, e se adicionava um mês extra, mensis intercalaris de 22 ou 23 dias, de dois em dois anos, assim passou a existir anos seqüenciais de 355, 377, 355, 378 dias, e quem deveria inserir o mês extra era o pontifex maximus de Roma, que buscava manter o calendário em sincronia com os eventos sazonais de translação da terra, o que nem sempre era preciso. Numa Pompílio incluiu dois meses no ano romano, o 11º mês (Unodecembris) foi nomeado de Januarius (Janeiro), em homenagem a deus Jano, e o 12º mês (Duocembris) foi denominado de Februarius (Fevereiro), em menção às festas romanas com este nome. Os romanos adoravam Fébrua, deusa das purificações, que era um sobrenome da deusa Juno, correspondente a deusa Hera dos gregos. Eles realizavam cerimônias de purificação denominadas festas februales em adoração a Fébrua, e da palavra latina Februarius, deriva o termo fevereiro.
No Calendário de Numa Pompílio o ano passou a ter 4 meses de 31 dias, 7 meses de 29 dias e um mês de 28 dias, num total de 355 dias.
A nova mudança no calendário Romano foi feito por Júlio César, que encomendou os trabalhos do sábio Sosígenes, astrônomo de Alexandria, em 46 a.C., e resolveu corrigir novamente o calendário, passando a adotar o ano solar com período de 365 dias e um dia extra a cada três anos. Júlio César transferiu os dois últimos meses do ano (Januarius e Februarius) para o início do ano, assim, Janeiro e Fevereiro passam de 11° e 12° meses para 1° e 2° mês. O que gerou uma confusão de nomenclatura, ao chamarmos de setembro o 9° mês em vez do 7°, Outubro o 10° mês em vez do 8°, Novembro o 11° mês em vez 9° e dezembro o 12° mês em vez 10°.
Mas por que a mudança? Júlio César, que aos dezessete anos de idade, foi nomeado sacerdote de Júpiter, queria que Jano fosse honrado, festejado como o primeiro mês, pois o deus Jano era representado por duas faces, uma virada para a frente outra para traz, uma olhado o futuro, a outra o passado, assim marcaria a passagem de um ano para outro. Jano era tido como o deus que abre e fecha, Jano Clusius "aquele que fecha” e Jano Patulcius "aquele que abre", e assim fecharia o ano velho e abriria o ano novo. A festa dessa passagem de ano de dezembro para janeiro seria uma honra a Jano, uma consagração, uma adoração a ele. Em 46 a.C. Júlio César assinou o decreto estabelecendo a passagem do dia 30 de dezembro para o dia 1 de janeiro, como data para a mudança de calendário. Júlio César também re-nomeou o mês Quintilis com o nome de Julius, numa homenagem a si mesmo, pois ele fazia aniversário no dia 12 desse mês (o mês de Julho).
Foi abandonado o formato luni-solar do calendário romano se fixando para um calendário predominantemente solar, a quantidade dos dias dos meses foi arrumada numa sequência de 31, 30, 31, 30... de Januarius a December, exceto Februarius, que ficou com 29 dias e que, a cada três anos, teria 30 dias, pois um dia extra deveria ser incluído após o dia 24 dia de Februarius, 6 dias antes do 1º dia (Kalenda) do mês de Martius (Março) "ante die sextum kalenda martius", como este dia era contado duas vezes passou a ser chamado de "bis sextus ante kalenda martius" , resumidamente bissextus, em português denominado bissexto. E foi excluído o mês intercalar Mercedonius de 22 e 23 dias que era incluído a cada dois anos.

Rômulo

Numa Pompílio

Julio César

Augusto
Mês
Dias

Mês
Dias

Mês
Dias

Mês
Dias
1
Martius
31

1
Martius
31

1
Januarius
31

1
Januarius
31
2
Abrilis
30

2
Abrilis
29

2
Februarius
29/ 30

2
Februarius
28/ 29
3
Maius
31

3
Maius
31

3
Martius
31

3
Martius
31
4
Junius
30

4
Junius
29

4
Abrilis
30

4
Abrilis
30
5
Quintilis
31

5
Quintilis
31

5
Maius
31

5
Maius
31
6
Sextilis
30

6
Sextilis
29

6
Junius
30

6
Junius
30
7
September
30

7
September
29

7
Julius
31

7
Julius
31
8
October
31

8
October
31

8
Sextilis
30

8
31
9
November
30

9
November
29

9
September
31

9
September
30
10
December
30

10
December
29

10
October
30

10
October
31




11
Januarius
29

11
November
31

11
November
30




12
Februarius
28

12
December
30

12
December
31
Total de dias
304

Total de dias
355

Total de dias
365

Total de dias
365

O artigo “The History/Origin of New Years Day”, da publicação “US News & World Report” afirma: “Em 46 AC, o imperador romano Julio César foi o primeiro a estabelecer a data de primeiro de janeiro como dia de Ano Novo... César celebrou o primeiro Ano Novo de primeiro de janeiro ordenando o destroçar das forças revolucionárias judaicas na Galiléia. Testemunhas oculares dizem que o sangue jorrou nas ruas. Nos anos seguintes, os pagãos romanos observavam o Ano Novo praticando orgias e bebedeira - um ritual que eles criam constituir uma representação do mundo caótico que existia antes do cosmos ter sido ordenado pelos deuses.”
O Calendário Romano foi modificado novamente em 8 d.C., pelo imperador Augusto, determinando que os anos bissextos ocorressem de quatro em quatro anos, e não a cada três anos. O Senado Romano mudou o nome do mês Sextilis para Augustus em homenagem ao imperador Augustus, e para que o mês consagrado ao imperador Augusto não ficasse com 30 dias, inferior ao mês em homenagem a Julio César com 31 dias, foi retirado um dia do mês de Februarius, que passou de 29 para 28 dias, cedendo um dia para o mês em homenagem a Augusto, que passou de 30 para 31 dias, com o mês seguinte ao de Augusto também já tinha 31 dias, e para não ficar três meses seguidos de 31 dias, o Calendário de Augusto mudou a quantidade dos dias dos últimos 04 meses, alternando 30, 31, 30 e 31 dias.
Um Principado específico de Roma: Jano, é um deus do panteão romano que não possui correlato entre os gregos, é o deus específico de Roma.  O nome Jano é associado à palavra janua “portas em forma de arco”, ou “aquilo que abre e fecha”. Era protetor de todas as saídas e entradas, guardando as portas das casas, das cidades e os portais do céu. Jano possui dois símbolos, a chave e o báculo, semelhante aos que os porteiros utilizavam para fechar e defender os portais das cidades. Curiosamente o templo de Jano, situado na extremidade mais alta do Fórum de Roma, tinha doze portas, a mesma quantidade de portas da Yerusalayim (Jerusalém) Celestial.
O Calendário Gregoriano (que é o utilizado no Brasil) foi promulgado pelo Papa Gregório XIII em 24 de Fevereiro do ano 1582, em substituição ao Calendário Juliano.
Como a Igreja Romana associou a figura de Kefa (Pedro) com o deus Jano, passando a ser representado com as chaves dos portais do céu, e transformou Pedro no primeiro Papa, foi cômodo para o Papa Gregório XIII manter o calendário pagão de Roma, como oficial da Igreja Romana, inclusive com a honra a Jano no primeiro mês que por correlação representa também o Papa, já que este se assentou no “Trono de Pedro”. Papa Gregório XIII manteve também os nomes dos demais deuses e imperadores romanos.
Este novo calendário foi adotado por países da Igreja Católica, entretanto, a Igreja Ortodoxa não aceitou seguir esta mudança, optando pela permanência no Calendário Juliano o que explica hoje a diferença de 13 dias entre estes dois calendários.
As nações foram gradativamente aderindo ao Calendário Gregoriano, o processo durou séculos. Primeiramente foi adotado por países católicos: Itália, Portugal, Espanha e França; e depois sucessivamente pela maioria dos países católicos europeus. Mas os países protestantes resistiram por muito tempo, com a Alemanha que só adotou em 1700 e o Reino Unido (Inglaterra) em 1751. Outros países, como a  Grécia passou a adotar o Calendário Gregoriano em 1923 e a Turquia em 1927.
Uma imagem do deus Jano está em Roma no Vaticano, o que é bem pertinente, e pode ser pesquisada nos sites de busca de imagem na internet “Jano Vaticano”.
Embora a Torá diga:
Deut. 7:1, 5, 25 e 26 “Quando YHWH, teu Elohim, te introduzir na terra a qual passas a possuir, e tiver lançado muitas nações de diante de ti... Porém assim lhes fareis: derribareis os seus altares, quebrareis as suas colunas, cortareis os seus postes-ídolos e queimareis as suas imagens de escultura... As imagens de escultura de seus deuses queimarás; a prata e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que te não enlaces neles; pois são abominação a YHWH, teu Elohim. Não meterás, pois, coisa abominável em tua casa, para que não sejas amaldiçoado, semelhante a ela; de todo, a detestarás e, de todo, a abominarás, pois é amaldiçoada.”
A Igreja Romana defende não só a preservação das imagens dos deuses, como põe tais ídolos em posições de horas com todas as pompas em seus museus, mais luxuosos que os templos do passado. Além de praticar o sincretismo.
A data anterior ao Ano Novo também marca o dia de um santo católico, responsável por mais brutalidade, e até hoje é conhecido como “Dia de São Silvestre” - que, no Brasil, também dá nome à famosa maratona. Sobre isso, o artigo continua e afirma: “O termo para as celebrações da noite de Ano Novo, “Silvestre”, era o nome do “santo” e papa romano que reinou durante o Concílio de Nicéia (325 DC.) No ano antes do Concílio de Nicéia ser convocado, Silvestre convenceu Constantino a proibir os judeus de morarem em Jerusalém. No Concílio de Nicéia, Silvestre assegurou a passagem de uma miríade de leis viciosamente antissemitas. A todos os ‘santos’ católicos é assegurado um dia no qual os cristãos celebram e pagam tributo à memória do santo. O dia 31 de dezembro é o Dia de São Silvestre - e assim as celebrações na noite de 31 de dezembro são dedicadas à memória de Silvestre.” (ibid)
Portanto os seguidores do Messias não devem celebrar o calendário romano. Devem celebrar as festas bíblicas segundo o calendário bíblico, entretanto o calendário atual de Israel não corresponde exatamente ao Calendário Bíblico, mas este é um assunto para outro estudo. 
Como podemos combater contra o Principado de Roma se reconhecermos que ele tem autoridade sobre nós quanto a definição do Tempo, dos Dias, Meses e Anos, festejando o seu calendário, sendo guiado e orientado por ele? Sair de Bavel (Babilônia) não é fácil, nem simples, mas é necessário.
O Brasil utiliza como calendário oficial o calendário de Roma adaptado pelo Papa Gregório, portanto nas atividades seculares, como nas profissionais, escolares e etc. não há como evitar usá-lo. Entretanto nas datas espirituais e pessoais devemos seguir o calendário bíblico. 
Muitos feiticeiros e adivinhos têm suas previsões para o ano novo (Kalendas de Juno), infelizmente muitos servos do Messias, enganados, seguem o mesmo exemplo trazendo “palavras proféticas” como vindas do Senhor para o Ano Novo do Calendário Gregoriano/Romano, como se o Eterno reconhecesse a autoridade Romana e Papal sobre o Tempo e considerasse o Calendário Gregoriano/Romano para referenciar suas profecias. 


Muitos entre os gálatas que serviam ao Messias tinham vindo da religião Greco-romana, na qual serviam aos ídolos em suas festas baseadas em dias, meses, tempos e anos do calendário pagão. É contra isso que Sha’ul (Paulo) escreve em sua carta, confira o texto a seguir:
Gálatas 4:8-11 “Outrora, porém, não conhecendo a Elohim, servíeis a elohim que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Elohim ou, antes, sendo conhecidos por Elohim, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco.”
Alguns teólogos deturpam querendo induzir que Sha’ul estava se referindo neste texto sobre o calendário bíblico, estabelecido pelo próprio Elohim, entretanto Sha’ul deixa claro que ele estava falado de rudimentos pagãos que escravizam através da observância de dias, meses, tempos e anos, que eles seguiam antigamente quando não conheciam a Elohim Verdadeiro e seguiam aos ídolos, aos falsos elohim. Na Bíblia na Linguagem de Hoje este texto fica bem mais claro, você poderá consultar em http://www.bibliaonline.com.br/ntlh/gl/4.


Sha’ul (Paulo) não poderia estar dizendo que a observância do calendário bíblico era rudimentos fracos e pobres, que gerava escravidão, pois ele mesmo, muitos anos como seguidor do Messias usava o calendário bíblico:
Atos 20:6 “Depois dos dias de Matsá [dos pães asmos], navegamos de Filipos e, em cinco dias, fomos ter com eles naquele porto, onde passamos uma semana.”
Atos 20:16 “Porque Sha’ul já havia determinado não aportar em Éfeso, não querendo demorar-se na Ásia, porquanto se apressava com o intuito de passar o dia de Shavu’ot [Pentecostes] em Yerushalayim [Jerusalém], caso lhe fosse possível.”

I Co 16:7-9 “Porque não quero, agora, ver-vos apenas de passagem, pois espero permanecer convosco algum tempo, se o Senhor o permitir. Ficarei, porém, em Éfeso até Shavu’ot [Pentecostes]; porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos adversários.”
Portanto o que Sha’ul criticou foi a observância do calendário pagão. Como vimos neste estudo o calendário de Roma é consagrado a ídolos e a governantes ímpios de Roma, repleto de dias festivos em honra a deuses, com práticas de orgias em seus festivais, contra isso é que Sha’ul critica, e infelizmente muitos seguidores do Messias ainda continuam a comemorar este calendário pagão. 
Mas referente ao calendário bíblico Sha’ul diz que não devemos ser julgados por segui-lo:
Colossenses 2:16 e 17 “Portanto, ninguém vos julgue pelo que comem e bebem, ou por causa [dos dias] de festa, ou da lua nova [Rosh-Hodesh, o início do mês], ou de shabatot [sábados], que são prenúncios [sombras, projeções] das coisas futuras, o corpo [que é projetado], porém é do Messias. ”
O texto diz que não devem ser julgados por estas coisas, e não por não fazer estas coisas. Ou seja, eles comiam e bebiam, celebravam as festas bíblicas, seguiam o calendário bíblico (cujos meses começam na lua nova) e não deviam ser julgados por isso, como alguns julgam dizendo que os que observam tais coisas, como o shabat (sábado) estão se afastando do favor imerecido do Senhor. Ainda que alguém interpretasse que eles não deveriam ser julgados por não comemorarem, por exemplo, uma festa bíblica, ainda assim não poderia usar o texto para julgar os que festejam. Pois o texto não traz uma proibição do que o que o Senhor mesmo ordenou cumprir, o texto não proíbe, pelo contrário diz “ninguém vos julgue”, pois são projeções do corpo do Messias, de coisas que ainda irão se cumprir. O termo “sombra” não deve ser tomado como negativo, mas “Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.” I Co 13:12. Ou seja, o calendário bíblico aponta para o Messias, suas festas profetizam sobre ele, sobre a vinda, a morte, a ressurreição, a volta gloriosa, o reino de descanso milenar e seu “tabernacular” final conosco, na nova terra.